segunda-feira, 15 de junho de 2009

Opinião: A prisão do major Rocha produz um efeito contrário ao esperado pelo governo

O Governador Binho Marques e o Comando Geral da Polícia Militar do Acre cometeram um grande equívoco com prisão do Major Werles Rocha (foto) por ter liderado o Movimento do dia 4 de maio. Pois, ao tentarem dizer que não tolerarão outras manifestações, com a prisão dos lideres, eles ferem a tropa e saem ainda mais desmoralizados do episódio, fortalecendo assim o movimento.

A desmoralização de Binho Marques, que constitucionalmente é o comandante-chefe da polícia militar, já é visível diante da tropa faz algum tempo. O governador conquistou a aversão dos policias militares, desde que desceu o nível do discurso e se referiu a catégoria com expressões como “baderneiros” e “grupinho”, quando eles buscavam apenas ouvir dele uma garantia, que às reivindicações por melhores condições de trabalho e salariais seriam atendidas, mesmo que às medidas adotadas não fossem imediatas.

O coronel Romário Célio, Comandante Geral da Polícia Militar, também cometeu erros que lhe custarão muito caro, ao se posicionar contra os seus comandados. Sendo que, ele deveria ter levado em consideração, que nenhum comandante pode exercer a autoridade sem estabelecer o diálogo com os subordinados. E, o comandante - apesar da posição de comando - também precisa conquistar a tropa. Pois, até mesmo os ditadores buscam a legitimação da sua autoridade.

No entanto, instaurou-se um clima de insubordinação. E, os policiais enxergam o governador e o Comandante Geral como chefes repressores, que precisam sair, e não como líderes. Por isso, comumente escutamos expressões como “Bobinho Marques” e “Comediante Geral”, se referindo aos comandantes-chefe da polícia militar, partindo de algumas manifestações de policiais militares, que demostram a ausência de respeito da tropa pelos dois. No entanto, eles pouco podem fazer sobre isso, pois com a postura que adotaram diante dos acontecimentos que se seguiram após o dia 4 de maio, foram eles que deram os motivos para que os policiais se manifestem assim.

O governador, quando desqualificou os policiais usando nomes pejorativos, deu margem para que os policiais o tratem da mesma forma. Já o coronel Célio, ao falar em nome da tropa sem consultá-la, mostrou claramente que não tem diálogo com os subordinados, incorrendo no risco de não ser levado a sério, por está na contramão dos interesses da tropa. Fato que comprovamos quando ele passou uma versão errônea de que a maioria dos policiais estariam satisfeitos com o aumento ofertado pelo governo, sendo que a Associação dos Militares do Acre (Ameac) refutou, através de pesquisa, que a maior parte dos policiais estavam insatisfeitos.

E, quando o comando da polícia militar, com o aval do governador, pune aquele que representa uma liderança consolidada diante dos policiais militares, produz um efeito contrário ao esperado. Sendo que, em vez de amedrontar-se, a tropa sente-se agredida ao ver o representante legitimo de seus anseios sendo punido por reivindicar melhorias para a catégoria.

Portanto, aumentam ainda mais os problemas a serem solucionados pelo governo, que terá que conviver com o risco de surgirem outras manifestações, e com o aumento dos votos de protesto em 2010. Além disso, o Governador demonstra que não sabe exercer o comando sobre o seu braço mais forte, que é a polícia militar. Pois, dessa forma, ele jamais conseguirá o respeito da tropa. E, tampouco o silêncio.

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