quinta-feira, 4 de março de 2010

Dinheiro público no Futebol acreano

Por Francisco Costa*

O bajulado governo da floresta, liderado por Binho Marques e seu cavanhaque petista, assinou contrato liberando recursos públicos para os cartolas do futebol acreano, - considerados profissionais. Nessa brincadeira política, lá se vão R$ 457 mil do contribuinte para apoiar os dez clubes que deverão participar do Campeonato Acreano de Futebol, tudo é feito via convênio direto para as contas bancárias dos clubes. No Acre isso é noticia pra capa de jornal e, uma semana de bajulações em determinados setores da imprensa.

Em anos anteriores também foi assim: o governo paga pra eles jogarem, o público paga pra assistir as peladas, o circo é montado no rádio e na TV, e no final ninguém sabe quem embolsou quanto, por que a prestação de contas simplesmente desaparece.

A bolada será distribuída em 2010, desta forma: R$ 200 mil no primeiro turno, sendo R$ 20 mil para cada time; R$ 120 mil no segundo turno, sendo R$ 30 mil por clube; R$ 30 mil para o campeão, R$ 20 mil para o segundo colocado, além de R$ 50 mil para o ganhador do campeonato se preparar para a Copa do Brasil de 2011. Dinheiro para os clubes: Adesg, Alto Acre, Andirá (da Cia de Selva, que monopoliza as contas publicitárias do governo), Atlético Acreano, Independência, Juventus, Náuas, Plácido de Castro, Rio Branco e Vasco da Gama que participarão do estadual.

E pra ninguém fazer beicinho, a Federação de Futebol do Acre vai abocanhar R$ 10 mil, e os cronistas de esporte pra escrever apenas o que seu mestre mandar vão levar mais R$ 12 mil.

O rádio ouvinte, ou, os telespectadores não se espantem se durante as transmissões no meio da partida os narradores e comentaristas disserem: - num oferecimento do governo da floresta...; e se virem à logomarca do governo estampado em camisas dos clubes, também não se surpreenda. Isso é comum na terra de Galvez, ninguém reclama, ninguém chia, nem os órgãos reguladores do dinheiro público se atrevem a achar brechas que impeçam essa mamata.

Desta forma fica fácil promover candidatos X, ou, Y, e enaltecer siglas partidárias, como se fossem deuses salvadores da pátria, afinal é ditado popular: - dinheiro na mão calcinha no chão. Por aqui, é comum esse tipo de prostituição pública.

Já deu até pra perder a conta de quantos eventos particulares foram financiados com dinheiro público. Zeca Baleiro, que está vindo ai, será mais um, realizado num espaço público: Arena da Floresta.

Lembram da polêmica da suposta cantora bahiana de axé, Fernanda Farani, que teria recebido R$ 300 mil, mas depois estado negou ter pago tal valor e não apresentou extrato bancário dela. Tem ainda o carnaval popular que custou R$ 2,5 milhões. E o que dizer da dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó, com cachê de R$ 300 mil, para inaugurar apenas um trechinho de uma rodovia estadual.

De uma coisa podemos ter certeza, os laranjas dessas negociatas, tem nomes e são públicos. Escondem-se em gabinetes oficiais, empresas de eventos, agências de turismo, enfim. Fico curioso pra saber apenas qual o lucro, a cota de participação dos laranjas: 20%, 30% ou 50%, pra campanha eleitoral de quem? E os acordos debaixo dos panos vão se perpetuando.

Fico me perguntando quais as grandes empresas privadas, indústrias, que aquecem nossa economia e tem participação representativa? Se não fossem os repasses públicos da União, os empréstimos e endividamento bilionários internacionais, o dinheiro público e o suposto “manejo sustentável dos recursos naturais”, a roda da economia acreana não andava.

Nosso parque industrial está às baratas e ratos. Usina de Álcool é um projeto fracassado e eleitoreiro assim como a fábrica de tacos, preservativos, os modelos de extrativismo, seringais de cultivo, agronegócios, agricultura de subsistência, abatedouros, entre outros, salva-se aos poucos a pecuária.

Os donos do clube de futebol sapatearam, esbravejaram, gritaram e Binho socorreu. Afinal que empresário apostaria nos clube acreanos para ver derrotas como do Juventus na Copa do Brasil, goleado por 7 x 0 pelo galo mineiro. Sem falar das derrotas do Rio Branco Futebol Clube, não tem Araújo que agüente às contas.

Devem está se perguntando qual o crime de financiar clubes para um campeonato estadual, e bancar eventos particulares com dinheiro do povo. Ora, em que mundo você vive?

É simples: é amoral, será que é tudo licito, transparente, qual o jogo de interesses, o que se esconde por trás disso tudo? Será que eles são sempre assim, tão bonzinhos? Há almas querendo reza.

Talvez, o Acre não esteja passando por crise financeira. Haiti, e Chile até que mereciam uma ajudinha nossa. Os ribeirinhos, os índios, sem tetos, desempregados, as vitimas da dengue, e as demais pessoas necessitadas de políticas públicas nesse estado também querem ver o retorno do seu dinheiro bem empregado, em prioridades sociais.

Francisco Costa é jornalista e editor do Blog Reporter24horas

Um comentário:

  1. DU CARALHO, ESSE TEXTO, QUANTOS JORNALISTAS ESCREVEM ASSIM AQUI NO ACRE? CONHEÇO O COSTA E SEI QUE ELE É UM TALENTO DISPERDIÇADO AQUI. ELE É UM CARA SUPER CRITICO, COM VISAO EQUILIBRADA.

    ResponderExcluir